Está a acontecer, as we speak, a quarta revolução industrial. Os termos “big data”, “advanced analytics”, “cloud computing” “IOT ou Internet of Things” são usados cada vez mais correntemente. Basicamente, o que estamos a consagrar é a gradual substituição do analógico pelo digital. Estamos a consagrar a lógica de fluxos, a lógica conexionista.
Este foi o tema da minha tese de doutoramento (já lá vão quase 14 anos), consagrada à “sociedade em rede”. Mas na altura, acrescentei ao título da dissertação a referência às pessoas. Ficou “Sociedade em Rede e Exclusões Sociais”. As pessoas não perceberam muito bem a intenção, mas o que quis demonstrar foi que os processos de inovação tecnológica não arrastam obrigatória e imediatamente inovação social.
Os processos de “spill over”, ou de disseminação, demoram o seu tempo. Contudo, as posições de antagonismo generalizado face à tecnologia também não produzem resultados desejáveis.
No que respeita às questões da sustentabilidade, a inovação não deve centrar-se apenas no uso de tecnologia. A inovação recai sobre uma visão compreensiva de infraestruturas equipamentos (o “capital fixo), os fatores produtivos (trabalho e pessoas) e os impactos no ambiente (sociedade e natureza).
As vantagens da industria 4.0 residem no potencial de otimização de processos, mas os benefícios devem ser avaliados muito para além das vantagens económicas. Ou seja, os benefícios são os de todos os stakeholders. Qual o stakeholder central? O planeta, e na sequência, a vida que nele ocorre.
Artigo Opinião: José Morais – Professor Coordenador ISPGAYA