Foto: José Coelho | Lusa
Zazu e Tika são as protagonistas deste projeto que tem por objetivo apoiar a Ala Pediátrica do Hospital São João, no Porto, e que consequentemente ajuda a combater problemas também dos profissionais de saúde.
Está em curso desde Outubro no ano passado, um projeto de duplas de de cães de assistência na Ala Pediátrica do Hospital São João, no Porto, ultrapassou as expectativas, com os profissionais de saúde a admitirem ganhar também com isso.
Zazu, uma uma golden retriever de 2 anos de idade, e Tika, uma labrador retriever de 3 anos, têm sido as protagonistas naquela Ala do Centro Hospitalar e que segundo dizem fontes contactadas pela Lusa o impacto deixou de se cingir às crianças e familiares, mas passou a contribuir também para momentos de relaxamento e de afeto dos profissionais de saúde.
Catarina Cascais, tutora da Zazu, relatou o trajeto de afeto conseguido entre os profissionais que trabalham no Internamento, Hospital de Dia, Neonatologia e consultas externas pediátricas que, às segundas e sextas-feiras, na companhia de Sílvia Peça, tutora da Tika, são visitados no âmbito do projeto.
Ainda segundo Catarina Cascais, voluntária da Ânimas, o projeto foi pensado para ajudar as crianças que se encontram naquela Ala, mas rapidamente alteraram a “forma de pensar o projeto”, porque “apercebermo-nos que, para além dos benefícios diretos nas crianças, eles eram extensíveis também aos familiares e aos profissionais de saúde e de todo o hospital”, conseguindo perceber que, para além dos benefícios descritos na literatura que as crianças poderiam obter, “aos profissionais de saúde – que apresentam possibilidades de ‘burnout’ [exaustão física e mental], de ‘stress’ e de desmotivação no trabalho -, fazer festas durante cinco minutos a um cão de terapia equivale ao relaxamento conseguido em 20 minutos de descanso ou sesta. Ou seja, para além dos benefícios ao nível físico e psicológico, também lhes dá muito prazer”.
“Já nos aconteceu estarmos nos corredores e encontrarmos profissionais que nos dizem ser este o dia preferido da semana”.
Catarina Cascais, voluntária Ânimas e tutora da Zazu






Fotos: José Coelho | Lusa
Esta ideia é partilhada pela pediatra Irene Carvalho, para quem “é muito bom ter a presença dos cães”, pois não só “fazem a diferença no dia de trabalho”, como “ajudam a melhorar o bem-estar através de um carinho e de um sorriso”.
A enfermeira Madalena Pacheco considerou tratar-se de um projeto “há muito tempo ansiado”, descrevendo-o como “uma forma diferente de quebrar a rotina e, até, de poder mostrar as emoções, tanto dos profissionais como, eventualmente, dos pais”.
Apontou como exemplo o que acontece em “Neonatologia, onde não era expectável [esse retorno, mas onde os pais] verbalizam que se deve continuar com o projeto”.
Fazer-lhes uma “festinha”, garante a enfermeira, “é um momento, por pouco tempo que seja, que quebra um pouco esta rotina”, e a “saúde mental destes profissionais tem de ser cuidada e são coisas destas que ajudam a cuidar”.
“Se pudessem vir todos os dias acho que ninguém se aborrecia”.
Madalena Pacheco, Enfermeira CHU de São João
Nos Estados Unidos, em hospitais pediátricos de referência, estes projetos já existem há muitos anos e com bons resultados, disse ainda.
Uma das responsáveis pela chegada do projeto à Ala Pediátrica, a educadora hospitalar Gabriela Borges, reiterou que “os benefícios são diversos, e que [vão] desde as crianças, que já aguardam com alguma expectativa e carinho, até por parte dos pais, aos profissionais, que questionam se os amigos patudos já chegaram”.
“Fomos verificando ao longo destes quase seis meses que os profissionais gostam da presença dos animais, destas duplas, no serviço. Já esperam com expectativa porque querem partilhar com eles a festinha e um biscoito [que pedem aos tutores] para poder ter o seu momento com o cão”.
Gabriela Borges, Educadora hospitalar
E se as boas práticas já extravasaram as paredes do hospital com “abordagens de outras unidades de saúde do país a perguntar pelo projeto”, revelou Gabriela Borges, continua a ser dentro de portas que surgem solicitações: “por vezes os médicos sugerem-nos visitas a um determinado quarto para ajudar uma criança internada no momento em que vão aplicar uma técnica clínica”.
A Ânimas, responsável pelo projeto, é uma associação que forma cães de assistência para pessoas com deficiência que se candidatem a este auxílio, sendo que estes, terminada a formação, são entregues gratuitamente aos novos donos.
MItv/Lusa