Vamos dizer que que nos dias que correm sem internet, nada feito. Independentemente do local do mundo, seja no Sahara ou na Amazónia, o ser humano anda com telemóvel ou outros aparelhos eletrónicos de comunicação, e se tiver acesso à internet, ainda melhor, pois não vai hesitar em usar. No entanto, a qualidade dos serviços pode variar muito segundo a qualidade dos servidores, pontos de acesso, possibilidade de pagamento de serviço (que faz variar também o volume de dados acedidos e a velocidade de acesso e transmissão de dados), equipamento usado, etc.
Os dados e o tráfego de dados são o negócio do sec. XXI. O negócio é a informação e o acesso à informação. Mas o que fazer quando o telemóvel tem limites, o equipamento doméstico é antiquado e a velocidade dos dados é baixa?
A questão ganha sentido se acharmos que os acessos estão relacionados com a possibilidade de exercício pleno da cidadania, ou seja, com a possibilidade de participar na lógica de fluxos que se configura no planeta. Com acessos diferenciados na sua qualidade, teremos possibilidades de participação nos processos de desenvolvimento social e económico também diferenciados.
A solução para estas inacessibilidades pode residir na própria tecnologia. Um dos caminhos do desenvolvimento assente em tecnologia e digitalização reside precisamente em soluções de Delay Tolerant Network, ou seja, uma abordagem de redes tolerantes a tráfego irregular/intermitente ou pouco rico em dados, apoiado por ferramentas de Machine Learning (uma parte da inteligência artificial) de modo a permitir o uso otimizado de recursos disponíveis.
Diferentes países, como os EUA ou o Canadá, voltam-se agora para esta abordagem do digital que se apoia mais na acessibilidade do que na velocidade, dando exemplo do que se pode fazer em países de economia emergente.
Artigo de Opinião: José Morais