Tenho a felicidade de ser professor no ensino superior, e lecionar na área das ciências sociais e outras áreas conexas, que, em boa verdade, são todas as áreas de conhecimento humano. Ontem, e com uma turma de alunos já muito adultos, falávamos de como o comportamento humano nas organizações é permanentemente moldado por perceções. Perceções de pessoas e outros objetos de perceção não humanos. Falávamos dos processos de atribuição causal, de associação de emoções aos objetos de perceção. Discutíamos como esta componente emocional depois de efetiva nos comportamentos concretos das pessoas.
Até aqui, nada de novo. Associando na discussão o tema a liderança, demos conta de que as lideranças (incluído as do setor político-partidário) todas procuram veicular um projeto de futuro, uma visão integradora orientadora da ação coletiva, mensagem que para fazer nexo na mente das pessoas é associado a emoções (conciliadoras ou separadoras). E é aqui que nos damos conta do esvaziamento das propostas que se apresentam no cenário nacional, europeu e mundial.
São muitos os projetos de futuro que apelam a retrocessos civilizacionais. O esvaziamento de um projeto coletivo para o Ocidente alimenta o voluntarismo dos cidadãos para ideologias e lideres (muitas vezes associados a vertentes religiosas) radicais que propõem, basicamente, o regresso a um estado original de «pureza».
Em boa verdade, o único projeto legítimo nas sociedades ocidentais, e que indica o regresso à essência da vida (em todas as suas manifestações) é o que é orientado pela agenda da sustentabilidade, e mais nenhum outro.
Artigo Opinião: José Morais – Professor Coordenador ISPGAYA