O maio de 68 anunciou o fim das relações laborais assentes no modelo fordista, em relação direta com a reconstrução da Europa planeada segundo o conhecido «plano Marshall». A inquietação estudantil foi um sintoma de um modelo de crescimento económico e desenvolvimento esgotado e paralisante. O plano Marshall foi útil para impedir uma certa união de repúblicas, com sede no Kremlin, pintasse de vermelho o mapa da Europa Ocidental muito fragilizada na sequência do armistício assinado em 1945 que pôs fim à 2º Guerra Mundial. Entretanto, os tempos foram-se configurando outros.
Delors e Faure, na antecipação da década de 70, começam a estruturar um entendimento da Europa, e do desenvolvimento de uma forma geral, como assente na inovação voltada para as pessoas e no papel transformador determinante que cabe à educação e aos sistemas educativos. São questionados os sistemas de ensino que se caraterizam pela sua assinatura medieval.
Em Portugal é Veiga Simão o motor de alguma mudança no âmbito da que foi denominada «primavera marcelista». A inquietação social geral começa a ser durante a década de 80 o caminho que vem naturalizar a relação laboral denominada de «new deal» e lembrar que o Estado «social» da reconstrução europeia era uma ficção. Por cá, conseguimos entrar na boleia da CEE em 86, e conseguir financiamento para obras estruturais, de outro modo seriam irrealizáveis, e continuariam a nossa assinatura de «as costas da Europa».
A crise dos anos 70 teve por motor o preço dos combustíveis (agora etiquetados pela OPEP), confirmando a total dependência dos combustíveis fosseis por parte das sociedades ocidentais. Deu-se conta que os modelos de crescimento económico estavam completamente associados à industria automóvel. O emprego estava neste sector, a necessidade de criação infraestruturas estava ligada ao mesmo setor. A inovação estava localizada nesse setor (até criamos carros com motores muito pequeninos, como o FIAT 500, supostamente menos gastadores). No fim deste parágrafo, conseguem vislumbrar semelhanças com o cenário em 2024?
A agenda 2030 vem dizer, basicamente, que devemos e podemos andar de automóvel sem comprometer o planeta. Um cenário «Smart» é possível, seguindo planificação concertada a nível mundial. Podemos, efetivamente, reencantar o mundo, se dermos prioridade às Pessoas, ao Planeta, à Prosperidade à Paz e às Parcerias.
Mas ainda há muito a fazer. Estamos no inverno, e todos reparamos que quando viajamos pelos países mais a norte, cobertos por uma camada de neve e gelo, que os edifícios são aquecidos por sistemas de aquecimento que usam água quente e irradiadores. Efetivamente, temos menos frio no estrageiro do que por cá.
Mas já pensaram no combustível que, ainda, é usado para aquecer Berlim ou Varsóvia, e na pegada carbónica que estas cidades têm que deixar no planeta para não congelarem?
Artigo Opinião: José Morais – Professor Coordenador ISPGAYA